domingo, 19 de outubro de 2008

Impactos da crise financeira nas empresas brasileiras

Já percebe-se sinais de contágio da crise financeira global na economia real brasileira. Já atingem setores considerados motores do crescimento. Há estoques maiores e menor disposição para contratar trabalhadores. Essa percepção foi identificada em setembro pela Fundação Getulio Vargas. "É reflexo da queda da demanda externa. O pior é que há sinais de desaquecimento na demanda interna também. Caminhamos para uma desaceleração", disse o coordenador da pesquisa na FGV Aloísio Campello à Folha de S.Paulo. A freada será por causa da dificuldade de financiamento externo. Especialmente na infra-estrutura, que depende dos dólares, pode haver atraso em projetos fundamentais, como os de transporte, energia e telecomunicações. Sem eles o crescimento econômico não se sustenta. O presidente Lula, tentando salvar a turbulência na retórica, afirmou: "O Natal está chegando, não pode faltar crédito".

Setores que já sofrem com a freada:

Mineração:

CSN e Vale: Uma das conseqüências do desaquecimento mundial é a redução na demanda por insumos como o minério, principal produto de exportação de empresas como Vale e CSN. A CSN, de acordo com analistas, já acumula prejuízo de R$ 1, 2 bilhão com a variação cambial, que ainda não atingiu a Vale. Mas é certo que haverá queda de preços em 2009 - e portanto menos dinheiro em caixa.


Indústria Aeronáutica:

Embraer: A empresa adiou a entrega de cinco jatos dos modelos 170/190 prevista para 2009 porque os clientes que encomendaram as aeronaves estão com problemas para conseguir financiamento devido à escassez de crédito no mercado. Ou seja, existe o risco de os pedidos virem a ser cancelados, o que pode resultar em perdas de US$ 160 milhões para a companhia.

Têxtil:

Coteminas: Apesar de beneficiado pela valorização cambial (que barateia os produtos para exportação), o setor tem sofrido com a desaceleração do consumo na Europa e nos Estados Unidos, os principais mercados compradores dos produtos nacionais. “Tivemos queda importante, de mais de 10% nas vendas neste ano”, afirma o presidente da Coteminas, Josué Gomes da Silva.

Varejo:

Casas Bahia: A redução na oferta de crédito tem impacto direto no consumo e, conseqüentemente, nas empresas que atuam no varejo. Algumas lojas reduziram encomendas e as estimativas de aumento nas vendas de Natal. As Casas Bahia revisaram as projeções para o ano que vêm tentando prever os efeitos do crédito caro, escasso e com prazos menores.



Alimentação:

Sadia: A empresa, exportadora de carnes e com dívida em moeda estrangeira, admitiu perdas de R$ 760 milhões por causa das variações do real em relação ao dólar nas últimas semanas. Analistas estimam que a empresa terminará o ano com prejuízo de R$ 200 milhões. Em janeiro a previsão era de lucro de mais de R$ 500 milhões em 2008.

Fonte: Revista da Semana. Editora Abril. Edição 57 - 9 de outubro de 2008.

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