No mundo, são 4 bilhões de pessoas com renda mensal média de R$250, contra 800 milhões de pessoas com renda mensal média de R$2.500. Esses dados demonstram o maior desafio da sustentabilidade do momento atual: como abastecer a maior parte da sociedade – aquela que não possui renda suficiente – obter lucro, sem gerar grande desperdício e impacto ao meio ambiente?
Um exemplo comum que explica bem esse cenário é o de uma indústria de produtos de higiene pessoal. A empresa criou uma solução para atender a demanda das classes mais pobres, produzindo xampu em sache a um preço acessível para pessoas de baixa renda. “De fato, as vendas aconteceram e a empresa lucrou. Porém, o impacto no meio-ambiente foi muito grande, já que as embalagens dos saches passaram a ser despejadas com muito mais freqüência e em grande quantidade, e na maioria dos casos de forma irregular”, explica Andrea Goldschmidt, sócia da consultoria Apoena Social, especializada em soluções de Responsabilidade Social para empresas e Professora da ESPM.
Ou seja, no tripé da sustentabilidade: área social, econômica e meio-ambiente, a solução exemplificada acima atendeu somente o setor social, fornecendo um produto de higiene que fosse acessível ao bolso da maior parte da população; e o setor financeiro, já que trouxe lucro à indústria. Mas, o meio-ambiente ficou de fora da equação.
O papel do governo e principalmente das empresas é fundamental para chegar a uma solução viável. Num caso como esse, é deles que devem partir pesquisas e investimento para criação de materiais e produtos biodegradáveis, sem gerar aumento no preço final, de forma a atingir as classes D e E.
“Cada vez mais, essas classes formam a grande massa consumidora. Não faz sentido o empresário não olhar para esse nicho do mercado. Será necessário abastecer essa camada da sociedade, mas é imprescindível que o meio ambiente não pague um preço alto por isso”, diz Andrea.
“O desafio atual é conseguir equacionar de forma equilibrada esses três interesses. Por isso, na consultoria, sentimos cada vez mais o aumento da preocupação das empresas em buscar ações de Responsabilidade Social casadas com seu negócio. Soluções que levem em conta a necessidade de ter lucro, de atender às demandas e necessidades da sociedade e, ao mesmo tempo, diminuir os impactos ambientais da operação. Esse é o caminho dos negócios do futuro. Não é impossível. Mas é preciso comprometimento”.
(Texto de Flöter&Schauff, retirado do site administradores.com.br)
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