sexta-feira, 27 de junho de 2008

Os valores

Para as pessoas, possuir um comportamento moral tem valor. Ter um conteúdo axiológico (axios = valor em grego) significa considerar condutas positivas, boas e também más, negativas (do ponto de vista moral). Quando se fala em valor pensamos não só na justiça, beleza, bondade, mas também na inutilidade, injustiça, entre outros.

O valor econômico:
O termo “valor” deriva da economia e hoje se refere a todos os setores da atividade humana. Para um objeto ter valor de uso, é indispensável que se satisfaça a necessidade humana, sendo natural ou produto do trabalho humano. A mercadoria é um objeto útil que satisfaz a necessidade humana, portanto possui um valor de uso. Quando esses produtos se destinam a trocas, eles adquirem valor duplo: o de troca e o de uso. O valor de uso coloca o objeto em uma relação direta com o homem, o valor de troca surge como propriedade das coisas, sem nenhuma relação com o ser humano. Os valores de uso e troca existem em relação às propriedades naturais do objeto-suporte e ao homem, pois sem ele o objeto não existiria como objeto de valor.

Pode-se concluir que “o valor não é propriedade dos objetos em si, mas propriedade adquirida graças a sua relação com o homem como ser social” (Vazquez. Ética ed. 14).

A Natureza dos Valores:
De acordo com (Bastos, C. R. & Martins, I. G. 1988:12-15) “falar de valores humanos significa, sobretudo, destacar do homem a capacidade de produtor da realidade construída a partir de uma consciência do que valoriza e transmite, realiza e transforma”.

A história da evolução dos seres humanos vem sendo assim desde quando estes surgiram no planeta Terra. Os homens, ao contrário de outros animais, são seres racionais que construíam princípios que ajudavam a distinguir entre o bem e o mal (o que interferia também na busca de ideais e felicidade). Nos primeiros indivíduos (pré-história) essa consciência era menor, mas foi evoluindo e tornou o ser humano cada vez mais capaz de armazenar conhecimento.

Relacionados à cultura, os valores apresentam uma forma de exibição bipolar, comportando-se de acordo com a sociedade: seus componentes positivos e negativos. Dessa forma, compreende-se que os valores humanos associam-se à política da sociedade que os produz, e, com eles, torna-se possível entender a cultura e as organizações.

É possível dizer que os valores humanos surgiram aproximadamente com a espécie humana, mas somente após a criação da escrita e o início da polis, [“Polis é a Cidade, entendida como a comunidade organizada, formada pelos cidadãos (no grego “politikos”), isto é, pelos homens nascidos no solo da Cidade, livres e iguais”. (Convite a Filosofia, capítulo 7, Marilena Chauí, Editora Ática)], com a necessidade de se compreender o ser humano, é que os valores ganham espaço. Os primeiros questionamentos relacionados aos direitos naturais foram feitos por filósofos que indagavam, por exemplo, o que é a vida, a verdade e a justiça.

Na historia da humanidade, os valores têm sido definidos sobre diversas visões filosóficas e antropológicas a respeito de sua formação e determinação. “Descarte, os valores constituem um fenômeno complexo e multifacetado que guarda intrinsecamente todas as esferas da vida humana vinculada a seu mundo social e histórico, à subjetividade das pessoas e ao inter-relacionamento institucional, em que a família se constitui no ambiente primeiro onde os valores têm seu principal apoio” (Corzo, J. R. F: 2001).

Atualmente esta acontecendo uma “crise de valores” onde estes estão se modificando ou estão sendo degradados. Cabe ressaltar que na historia da humanidade sempre houve degradações dos valores, então é necessário conviver com essa ordem natural do homem.

Na historia da filosofia sempre esteve presente à questão dos valores, todavia, somente na contemporaneidade passa a ser estudado detalhadamente com o desenvolvimento da axiologia (Axiologia - Teoria dos valores em geral).

Objetividade e Subjetividade dos Valores:
O conceito de valor é estudado e avaliado em várias áreas do conhecimento. A filosofia descreve o valor como nem totalmente objetivo, nem totalmente subjetivo.
Objetividade dos valores:
Defendido normalmente pelas religiões, esta posição, também defendida por filósofos como Platão (foto), mostra que em todas as épocas, sejam históricas ou culturais, sempre existiram pessoas que tomaram um conjunto de valores como por exemplo à justiça, como ideais a atingir, não os identificando todavia com nada de concreto ou circunstancial. O objetivismo prega que os valores são imutáveis, absolutos e incondicionados e para existirem não precisam se relacionar as coisas reais. Como exemplo pode-se citar os cristãos que se apoiam no Novo Testamento e declaram que valores e normas morais são absolutos (não dependem da sociedade nem das pessoas, e sim da vontade divina).
Subjetividade dos valores:
Defende que os valores mudam ao longo do tempo, dependendo da época, da sociedade e dos indivíduos que a compõe. O valor é subjetivo quando, para existir, necessita de certas vivencias pessoais. Na filosofia muitos defendem essa concepção como os sofistas por exemplo, que afirmavam que a verdade e a moral são convenções que variam de acordo com a sociedade, de individuo para individuo. A falha do subjetivismo relaciona-se ao fato de que esta reduz o valor a pequenas vivencias.
O objetivismo e o subjetivismo não são capazes de definir os valores. Estes não se reduzem às vivências do homem e nem existem independentemente do mundo real. Os valores existem para um ser humano não como mero indivíduo, mas como ser social; exigindo um suporte material, sensível, sem o qual não têm sentido.

Valores Morais e Não Morais:
Valores morais são aqueles que existem exclusivamente em atos humanos, o que tem significado humano pode ser avaliado moralmente. Dessa forma, pode-se denominar moralmente a conduta dos indivíduos e dos grupos sociais, as intenções de seus comportamentos com seus resultados e conseqüências, as atividades, etc. Uma obra de arte, por exemplo, pode ter valor estético, político ou moral. Pode-se julgar uma obra de arte por seu valor estético, religioso ou político, mas é desnecessario reduzir um valor ao outro. Mas, ainda que os valores se juntem num mesmo objeto, não devem ser confundidos. Isso se aplica no caso dos valores morais e não morais. A diferença entre estes é que os valores morais se encarnam apenas em produtos humanos e os valores não morais realizam-se sempre de modo voluntário, consciente.
Bibliografia:

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